Evolução do Ransomware no Brasil: o que mudou nos últimos anos

O cenário de cibersegurança no Brasil passou por mudanças significativas nos últimos anos, especialmente com a evolução das ameaças de ransomware. O que antes era um problema pontual, hoje se tornou uma ameaça sistemática que afeta instituições públicas, privadas e até indivíduos. Esse avanço não se limita apenas à sofisticação técnica, mas também ao modelo de negócios por trás dos ataques.

Este artigo analisa como o ransomware evoluiu no Brasil, destacando as mudanças nas técnicas, os novos perfis de atacantes, os alvos preferenciais e os impactos para a sociedade. Compreender essa trajetória é fundamental para desenvolver estratégias de prevenção e resposta mais eficazes.

O início: ataques oportunistas e pouco sofisticados

No Brasil, os primeiros registros relevantes de ransomware ocorreram no início da década de 2010. Nessa fase inicial, os ataques tinham como alvo usuários domésticos ou pequenas empresas, com pedidos de resgate modestos em troca do desbloqueio de arquivos criptografados.

Características comuns dessa fase:

  • Disfarce em anexos de e-mail
  • Uso de engenharia social simples
  • Pagamentos em criptomoedas como o Bitcoin
  • Falta de foco em alvos estratégicos

O objetivo era puramente financeiro, com um modelo de ataque em massa, sem segmentação por setor.

Adoção do modelo Ransomware-as-a-Service (RaaS)

A partir de 2017, o cenário mudou com a popularização do modelo Ransomware-as-a-Service (RaaS), em que os desenvolvedores de malware alugam suas ferramentas para outros criminosos. Isso democratizou o acesso à tecnologia de ataque, permitindo que indivíduos com pouco conhecimento técnico se tornassem operadores de ransomware.

No Brasil, o impacto foi imediato:

  • Crescimento exponencial no número de ataques
  • Maior diversificação dos alvos
  • Técnicas mais avançadas de invasão e persistência
  • Exploração de vulnerabilidades conhecidas, mas não corrigidas

A estrutura em RaaS transformou o cibercrime em uma cadeia organizada, onde cada parte atua com especialização: desenvolvedores, distribuidores, negociadores e operadores de infraestrutura.

Alvos mais estratégicos: setor público e grandes empresas

Entre 2019 e 2023, os atacantes passaram a mirar em estruturas mais críticas, como:

  • Órgãos do governo federal, estadual e municipal
  • Tribunais de justiça
  • Hospitais públicos e privados
  • Empresas de saneamento, energia e logística
  • Universidades e centros de pesquisa

Essa mudança teve motivação dupla:

  1. Impacto elevado: a paralisação desses setores causa interrupções graves e urgentes.
  2. Maior chance de pagamento: órgãos e empresas com operações críticas tendem a negociar ou pagar para restaurar seus sistemas rapidamente.

A combinação entre impacto e urgência tornou esses setores alvos prioritários para grupos especializados.

Novas técnicas e aumento da sofisticação

Os ataques de ransomware evoluíram não apenas em volume, mas também em qualidade. Hoje, é comum encontrar operações que combinam diferentes vetores de ataque:

Dupla e tripla extorsão

Além de criptografar os arquivos, os grupos criminosos passaram a:

  • Exfiltrar dados sensíveis: ameaçam divulgar informações sigilosas se o pagamento não for feito.
  • Extorquir terceiros afetados: como parceiros, fornecedores ou até clientes dos alvos originais.

Isso amplia o alcance do dano e coloca a reputação da organização em risco mesmo após a recuperação técnica.

Persistência no ambiente

Técnicas como uso de backdoors, escalonamento de privilégios e movimentação lateral foram incorporadas às operações. Os atacantes permanecem dias ou semanas dentro da rede antes de executar a criptografia, garantindo que o impacto será máximo.

Interferência na infraestrutura crítica

Casos mais recentes incluem o comprometimento de ambientes industriais (OT) e de sistemas de controle logístico, elevando o risco de impactos físicos, como a paralisação de trens, fornecimento de energia ou distribuição de água.

Grupos de ameaça com presença ativa no Brasil

Diversos grupos internacionais passaram a operar ou terceirizar ataques em território brasileiro. Entre os mais relevantes, destacam-se:

  • LockBit: um dos mais ativos no mundo, com ataques registrados contra empresas e órgãos públicos brasileiros.
  • REvil (Sodinokibi): já teve impacto em organizações do setor jurídico no Brasil.
  • BlackCat (ALPHV): conhecido por ataques de dupla extorsão.
  • Lapsus$: grupo com membros brasileiros, responsável por ataques de alto perfil contra empresas de tecnologia.

A atuação desses grupos mostra que o Brasil se tornou uma praça lucrativa e estratégica para o cibercrime global.

Impacto das leis e regulamentações

A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em 2020, foi um marco importante. A LGPD trouxe:

  • Pressão por conformidade em segurança da informação
  • Obrigação de notificação de incidentes
  • Responsabilização de gestores por falhas de segurança

Como resultado, muitas organizações passaram a investir em segurança cibernética, mas o ritmo ainda é desigual, especialmente no setor público.

Aumento da resposta institucional

Nos últimos anos, diversas iniciativas foram criadas para fortalecer a defesa nacional contra ransomware:

  • Criação de centros de resposta a incidentes (CSIRTs) em estados e órgãos federais
  • Atuação do GSI/PR e do CERT.br na coordenação de ações
  • Investimentos em projetos de capacitação e conscientização
  • Parcerias com empresas privadas e universidades

Apesar disso, ainda há um caminho longo a ser percorrido para alcançar maturidade em cibersegurança no país.

Tendências para os próximos anos

O ransomware continuará sendo uma ameaça central, mas com mudanças esperadas:

Alvo em dispositivos móveis e IoT

Com o crescimento da internet das coisas e do trabalho remoto, os ataques deverão migrar para dispositivos fora do controle da infraestrutura tradicional de TI.

Automação de ataques

Ferramentas com inteligência artificial e automação facilitarão ainda mais a personalização de ataques em escala.

Ataques coordenados e com motivação política

Além do lucro, ataques com motivação ideológica ou geopolítica podem crescer, atingindo governos, infraestrutura crítica e processos eleitorais.

Como se preparar para a nova geração de ameaças

Diante da sofisticação crescente dos ataques, é essencial adotar uma postura preventiva robusta:

  • Auditorias e testes de intrusão recorrentes
  • Monitoramento contínuo de anomalias
  • Backups isolados e com testes de restauração
  • Educação constante de usuários e gestores
  • Contratação de especialistas em segurança ofensiva e defensiva

Empresas e órgãos públicos que tratam a segurança como prioridade estratégica estão melhor posicionados para resistir ao impacto de ataques futuros.

Conclusão: Evolução do Ransomware no Brasil

Os prejuízos de um ataque de ransomware ao setor público são profundos e amplos. Vão desde perdas financeiras concretas até danos duradouros à imagem institucional e à confiança da sociedade. A melhor estratégia é sempre a prevenção, com planejamento, investimento e parcerias adequadas.

A Protect4 está preparada para ajudar órgãos públicos a enfrentarem esse desafio com soluções modernas e adaptadas à realidade do setor. Atuamos desde o diagnóstico de vulnerabilidades até a implantação de medidas robustas de proteção e resposta a incidentes.

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