Principais ataques de ransomware ao governo brasileiro: casos e lições

O avanço dos ataques de ransomware no Brasil tem atingido não apenas empresas privadas, mas principalmente órgãos públicos em diferentes esferas. O governo federal, por sua estrutura complexa e pela sensibilidade dos dados que armazena, tornou-se um alvo recorrente. Este artigo analisa os principais casos de ataques de ransomware contra o governo brasileiro, detalha seus impactos e extrai lições valiosas que podem orientar a prevenção e resposta a incidentes futuros.

Caso 1: Ministério da Saúde e o ataque ao ConecteSUS

Um dos ataques mais emblemáticos ocorreu em dezembro de 2021, quando os sistemas do Ministério da Saúde foram comprometidos por um grupo identificado como “Lapsus$ Group”. O ataque afetou severamente a plataforma ConecteSUS, tornando indisponível o registro de vacinação de milhões de brasileiros.

Impacto imediato

  • Interrupção do acesso aos comprovantes de vacinação
  • Impossibilidade de atualização de dados no sistema
  • Queda da confiança pública na segurança dos serviços digitais do governo

Lições aprendidas

Este incidente evidenciou a fragilidade da infraestrutura crítica de saúde, especialmente em um momento de pandemia. Também reforçou a importância de manter backups redundantes, atualizações frequentes e protocolos de recuperação de desastres claramente definidos.

Caso 2: Ataque ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Em novembro de 2020, durante o primeiro turno das eleições municipais, o TSE foi alvo de múltiplos ataques cibernéticos. Embora os sistemas de votação eletrônica não tenham sido comprometidos, o ataque causou lentidão e instabilidade na divulgação dos resultados eleitorais.

Impacto

  • Preocupações generalizadas sobre a segurança do processo eleitoral
  • Disseminação de desinformação nas redes sociais
  • Pressão política sobre o TSE e as instituições envolvidas

Lições aprendidas

A importância da transparência na comunicação pós-incidente foi um dos principais aprendizados. O TSE conseguiu conter o ataque tecnicamente, mas houve falhas na resposta pública. A gestão de crise deve incluir estratégias de comunicação proativa e baseada em dados concretos.

Caso 3: Supremo Tribunal de Justiça (STJ)

Outro caso grave ocorreu em novembro de 2020, quando os servidores do STJ foram atacados e os dados criptografados. O tribunal precisou suspender prazos processuais por uma semana e restaurar parte de seu sistema com suporte de empresas especializadas.

Impacto

  • Paralisação de julgamentos e processos eletrônicos
  • Danos operacionais e financeiros
  • Necessidade de revisão completa do sistema de segurança digital do tribunal

Lições aprendidas

A interrupção da prestação jurisdicional mostrou como o cibercrime pode afetar a continuidade de funções essenciais do Estado. O incidente reforçou a necessidade de planos de contingência e testes regulares de recuperação de sistemas.

Caso 4: Prefeitura do Rio de Janeiro

Embora em âmbito municipal, o ataque à Prefeitura do Rio em 2021 também serve como alerta ao governo federal. Diversos sistemas internos foram afetados, incluindo o de recursos humanos, que controla pagamentos e folha de servidores.

Impacto

  • Suspensão temporária de salários
  • Paralisação parcial de serviços públicos
  • Dificuldade de retomar a operação normal dos sistemas

Lições aprendidas

A falta de segmentação da rede e o uso de sistemas desatualizados facilitaram o ataque. Uma arquitetura de rede robusta e segmentada, aliada a ferramentas de monitoramento, poderia ter limitado a propagação do malware.

O perfil dos atacantes e suas estratégias

Os criminosos por trás desses ataques têm, cada vez mais, um perfil profissionalizado. Muitos atuam em estruturas organizadas, com divisão de tarefas e uso de Ransomware as a Service (RaaS). Além disso, a técnica de dupla extorsão passou a ser padrão: além de criptografar dados, os atacantes ameaçam divulgar informações sensíveis se o resgate não for pago.

Fatores que favorecem os ataques ao setor público

Alguns fatores estruturais tornam os órgãos governamentais particularmente vulneráveis:

  • Infraestruturas legadas e defasadas
  • Orçamentos limitados para cibersegurança
  • Falta de capacitação técnica contínua
  • Ausência de políticas integradas de prevenção e resposta a incidentes

Esses elementos, somados ao alto valor dos dados públicos, tornam o setor um alvo atrativo e de alto impacto para os atacantes.

Medidas adotadas após os ataques

Após os incidentes mais graves, o governo federal e outros órgãos públicos começaram a investir em cibersegurança de maneira mais estruturada. Algumas ações incluem:

  • Criação do Centro de Operações de Segurança (SOC) em órgãos-chave
  • Parcerias com empresas especializadas para resposta a incidentes
  • Atualização das políticas de backup e recuperação
  • Implementação de autenticação multifator (MFA) em sistemas críticos
  • Monitoramento contínuo com análise comportamental de tráfego

Apesar desses avanços, especialistas apontam que as medidas ainda são pontuais e não integram uma estratégia nacional robusta.

O papel da LGPD nos ataques ao setor público

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) passou a incidir sobre órgãos públicos desde sua entrada em vigor. Isso significa que, além do impacto técnico e operacional dos ataques, há também implicações legais.

Incidentes como o do Ministério da Saúde levantaram dúvidas sobre a conformidade do setor público com a LGPD, especialmente em relação à segurança dos dados pessoais e à obrigação de notificação de incidentes à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

Caminhos para o futuro: o que precisa mudar

Para que o setor público se torne mais resiliente a ataques de ransomware, são necessárias ações coordenadas em diversas frentes:

  • Governança: Definição clara de políticas de cibersegurança e responsabilidade institucional
  • Capacitação: Programas contínuos de formação para servidores públicos e equipes de TI
  • Investimento: Alocação de verbas específicas para cibersegurança nos orçamentos anuais
  • Parcerias: Cooperação com o setor privado para soluções de monitoramento, resposta e prevenção
  • Cultura de segurança: Incorporação da segurança como um valor institucional e não apenas técnico

Conclusão: Principais ataques de ransomware ao governo brasileiro

Os ataques de ransomware ao governo brasileiro não são casos isolados, mas parte de um cenário global que exige atenção imediata. Cada incidente traz à tona vulnerabilidades e, ao mesmo tempo, oferece oportunidades de aprendizado.

A Protect4 está preparada para ajudar o setor público a transformar esses aprendizados em estratégias eficazes de defesa. Nossas soluções cobrem desde a prevenção até a resposta rápida a incidentes, com foco em proteger os dados mais críticos e garantir a continuidade das operações governamentais.

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